8 critérios do wude

    • Lealdade (忠 Jung/zhōng)

através desse indicativo, verifica-se a qualidade do caráter de um indivíduo. A falta de lealdade leva a pessoa a se corromper facilmente frente a tentações egoístas, seja pela cobiça, busca pelo poder, prestígio, etc. Há inúmeras histórias de Kung Fu que narram o aluno sendo exposto a situações de desconforto ou de tentação, testando-se assim sua lealdade. Como o ideograma sugere, a lealdade é o atributo de um coração centrado, de alguém capaz de seguir um caminho sem desvios.

    • Amor Filial (孝 Haau/xiao)

é o sentimento de respeito e gratidão aos antepassados, à sua própria origem familiar ou linhagem. Mesmo que as pessoas não tenham boas afinidades com seus pais ou professores, deixar que o desafeto ultrapasse os limites da humildade e reverência em relação àqueles que os educaram é visto como uma falta deplorável. Segundo a cultura chinesa ancestral, reconhecer sua própria origem e zelar por ela é o fundamento moral que define a honradez de um indivíduo.

    • Benevolência (仁 Yahn/rén)

a conduta benevolente refere-se à empatia ao olhar para o outro indivíduo como um semelhante, desejando-lhe felicidade e contribuindo para isso. O oposto da benevolência é a agressividade, o desejo de prejudicar alguém. Mesmo em situações de conflito, o artista marcial não deve se regozijar com o sofrimento alheio, mas sim praticar o olhar compassivo e expressar-se através de uma atitude amorosa.

    • Conduta Reta (義 Yih/yì)

avaliação justa da própria conduta quanto ao que é benéfico ou maléfico a si mesmo e aos outros, ponderando sobre as consequências de cada ato mental, verbal e físico. Ser justo é ser alguém capaz de purificar sua intenção da malícia, ser alguém imparcial e com um forte senso de equidade. Antes de acusar o erro do outro, justiça tem a ver com ser responsável pela própria conduta e assumir as próprias falhas – não afogando-se na culpa, mas comprometendo-se a endireitar-se.

    • Cortesia (禮 Laih/lǐ)

envolve sensibilidade e boas maneiras na relação com o outro, observando normas de conduta para a convivência harmoniosa em sociedade. Ao nos permitirmos ouvir o outro sem criticar, aprendemos a ser mais tolerantes e a medir nossas palavras. Uma pessoa respeitosa age educadamente zelando pela liberdade do outro, moderando sua fala e sua ação para preservar o direito alheio. A cortesia não é uma máscara de boa conduta, mas uma atitude que considera cada ser como digno de reverência.

    • Sabedoria (智 (Ji/zhì)

a mente purificada da ignorância brilha como o diamante. A ignorância é como um véu diante dos nossos olhos que distorce o entendimento dos fatos, dando margem ao preconceito, a crenças equivocadas e a máculas da lucidez. Cultivar a sabedoria é esvaziar-se do falso saber e adotar uma postura de aprendiz da vida, aprendendo a enxergar além dos rótulos, permitindo-se conhecer outros pontos de vista e tirar lições de cada situação sem que o julgamento se torne uma barreira para o entendimento. O sábio ultrapassa as interpretações tendenciosas do ego e abre os olhos da mente para uma visão imparcial, enxergando a inter-relação entre os fenômenos no sentido de causa e efeito.

    • Confiabilidade (信 Seun/xìn)

honestidade para consigo mesmo que se reflete na sinceridade com o outro. Todo alguém digno de confiança é honesto tanto nas pequenas como nas grandes questões, o que se torna uma atitude natural. Em sua fala, existe a simplicidade de quem não esconde segundas intenções. Em seus atos, mesmo que dotados de falhas próprias do processo de aprendizado humano, transparece uma intenção autêntica, um senso de responsabilidade, um teor de legitimidade que inspira confiança nas pessoas.

    • Coragem (勇 Yuhng/yǒng)

quando o indivíduo está disposto a abrir mão dos interesses autocentrados para contribuir com o todo, a coragem é espontânea. Quem é dominado pelo egoísmo vive receoso de perder o que tem e de abrir mão da sua zona de conforto, por isso, utiliza artimanhas para conseguir o que deseja sem se arriscar. A coragem advém de um espírito nobre que ultrapassa a vaidade e o comodismo do ego ao visar o bem coletivo em primeiro lugar. É preciso coragem para realizar transformações.