Artes Marciais Chinesas – perguntas e respostas

  1. Em que consiste um estilo tradicional de arte marcial?
  2. Quais são os benefícios reais de se treinar uma arte marcial?
  3. Por que treinar um estilo e não vários?


Em que consiste um estilo tradicional de arte marcial?
Os estilos tradicionais foram desenvolvidos e transmitidos dentro de uma linhagem familiar (vínculo parental ou discipulado), o que assegura a autenticidade do método. Dentro da estrutura de técnicas e da conduta marcial, o corpo é educado segundo um modelo desenvolvido por mestres com um profundo conhecimento do potencial físico e mental do ser humano, bem como de métodos eficientes de otimizá-lo para um combate. Existe uma inteligência por trás das posturas e da movimentação, que foi aprimorada durante séculos de experimentações e estudos. A chave para o avanço no método é a repetição diligente. À medida que o estudante ganha maturidade, vai superando as dificuldades iniciais e compreendendo no sistema a lógica que muitas vezes não é capaz de entender quando se é principiante.

Quais são os benefícios reais de se treinar uma arte marcial?
Diversos são os benefícios. Para citar apenas cinco, temos:
1) Saúde física. A boa saúde depende de atividades físicas regulares. Sabe-se hoje que o sedentarismo definha o corpo e dá origem a inúmeras doenças. Os exercícios trabalhados nas artes marciais chinesas, essencialmente aeróbicos, auxiliam no desenvolvimento musculoesquelético, na regulagem de hormônios e substâncias metabólicas do corpo, na redução de gordura, no desenvolvimento cognitivo, da coordenação, etc.
2) Saúde psíquica. Além dos exercícios ajudarem a regular o sistema nervoso e a relaxar, o praticante também ganha mais serenidade por diversos fatores. Sendo o ambiente de treino um local que preza pela disciplina e mantém normas de conduta, todos são tratados com respeito. Neste ambiente, o praticante sente-se à vontade para relacionar-se de modo amistoso com seus colegas e professor, desenvolvendo sua autoestima e conduta harmoniosa. Aprende-se a lidar com o estresse de maneira sadia e proativa. Além disso, a disciplina marcial ajuda o praticante a aplicar a mesma ordem em sua rotina, em seu trabalho e estudos.
3) Destreza. O potencial humano é grandioso, mas precisa ser explorado. A prática bem orientada desenvolve nossas habilidades físicas e mentais para executar com beleza, precisão e domínio movimentos simples e complexos. Dizemos que o praticante desenvolve tanto o Yin quanto o Yang: tanto flexibilidade, suavidade e leveza quanto força, explosão e resistência.
4) Defesa pessoal. Embora não estejamos interessados em desenvolver lutadores de ringue, as técnicas dos sistemas tradicionais de artes marciais que ensinamos são altamente eficazes. O praticante desenvolve a habilidade para usar seu corpo como escudo e arma no caso de necessidade última. Ao invés de alguém fraco e vulnerável, torna-se forte, confiante e, ao mesmo tempo, inteligente o suficiente para não arranjar brigas ou se ferir indevidamente.
5) Tradição continuada. Talvez no ocidente não se dê tanto valor a esse aspecto, mas o praticante deve ter consciência de que ele integra uma tradição ancestral que sobrevive há séculos ou milênios. Segundo algumas crenças, existe uma energia (egrégora) que é transmitida de geração em geração, protegendo e guiando o desenvolvimento do praticante. O sentido da reverência aos ancestrais permite ao praticante ter acesso e desenvolver seu potencial herdado.

Por que treinar um estilo e não vários?
O aperfeiçoamento dentro de uma arte marcial leva muitos anos. A repetição faz com que o praticante incorpore os padrões de movimentos de modo a tornarem-se naturais para ele. Imagine o conflito de informações de um praticante que treina muitos estilos com diferentes características teóricas, técnicas e mesmo filosóficas. Ele não tem um caminho, mas vários caminhos. Perde-se objetividade. Qual seria o critério para decidir se vai movimentar-se de um jeito ou de outro?

Prof. Marco Defensor de Moura