O Movimento dos Cinco Elementos
Cada um de nós é um aglomerado de diferentes interações celulares e energéticas. O corpo físico é a representação do nosso corpo sutil, que é a nossa matriz energética. O que vemos e podemos palpar é apenas uma representação dessa matriz imaterial. Quando aprofundamos o olhar em nós mesmos, verificamos padrões de comportamento que se refletem do nível micro ao macro – funções celulares, orgânicas, sensações internas, padrões de emoções e pensamentos, comportamento social, relacionamento consigo mesmo, com as pessoas e com a espiritualidade. Por mais que em cada nível possamos interagir e expressar-nos de modo diferente, é possível notar um modelo de comportamento – uma coerência, mesmo que aparentemente incoerente.
Diferentes tradições ao longo da história e das culturas inventaram diferentes teorias tentando classificar os indivíduos em termos de padrões constitucionais. De acordo com a sua constituição, o indivíduo apresentaria características físicas, psicológicas, predisposição a doenças, dentre outros fatores com correspondência entre si. Dentre as inúmeras teorias classificatórias, encontramos o conceito chinês dos cinco elementos (wu xing). A visão do taoismo não se baseia em termos determinísticos do tipo: o indivíduo é de tal elemento. Essa filosofia considera o universo como um campo de energia onde tudo está interconectado. O movimento do universo é contínuo, a interação entre os seres é incessante e tudo está em constante transformação. Portanto, mais do que em elementos específicos, nossa personalidade se baseia em interações. Quando estudamos essas interações, podemos entender o porquê de certas predisposições a doenças, fragilidades psicológicas, comportamentos compensatórios, etc.
Nós costumamos firmar nossa identidade interna em um dos elementos, que representa aquilo que almejamos e que nos conforta a alma. Normalmente, criamos um cenário idealizado com bases nessa percepção e o defendemos inconscientemente. Porém, a nossa identidade psicológica (ego) costuma estar identificada com outro elemento. É como aprendemos a reconhecer a nós mesmos e ao mundo. Interagimos com o mundo a partir dessa identidade. Podemos também adotar estratégias para lidar com situações adversas segundo outro elemento.
Veja, portanto, a nossa complexidade. De acordo com a intenção, a nossa matriz energética se adapta e se configura para atender a essa demanda, que é repassada ao nosso organismo. Pode haver um conflito caso o organismo não consiga se adaptar a esse padrão de movimento ou a essa mudança quando é brusca. Os traços da personalidade podem aflorar com maior intensidade demonstrando um desequilíbrio energético. Podemos, através desse estudo, verificar possíveis adaptações mentais e físicas para assegurar o equilíbrio dos cinco elementos. Vamos aos movimentos e funções de cada elemento:
MADEIRA
Madeira é onde o ciclo se inicia. É onde a energia começa a se expandir e a reconhecer o mundo. Do estado de inércia, percebe-se agora aberturas para a autoexpressão, ao mesmo tempo que impedimentos são reconhecidos e opta-se por evitá-los, contorná-los ou enfrentá-los, refletindo qualidades positivas como maleabilidade / assertividade ou negativas como timidez / raiva. Enquanto essa expansão dos potenciais ocorre em um mundo cheio de possibilidades a ser descoberto, há a chance de perder a direção e não saber onde está indo, em um estado de incerteza, em contraste à chance de reconhecer o caminho e desenvolver o dom do planejamento. O indivíduo pode se tornar visionário, intuitivo e criativo ou, ao contrário, indeciso e confuso. Em geral, essa fase energética possibilita a mobilidade livre, oportunidades de inovação, sede por desafios, o espírito jovem e confiante. Quando desequilibrado, acontece o oposto. Portanto, Madeira sofre com situações de confinamento e opressão, reagindo por meio da agressividade ou frustração. As situações são reconhecidas em termos de permissão ou bloqueio. Quando se aprende a transitar pelos dois polos sem apego, desenvolve-se a tolerância.
FOGO
Fogo é combustão, maturação, alastramento. Dentre o mundo das possibilidades, o movimento do Fogo achou o seu caminho e segue avançando, assimilando e apreciando aquilo que consome. A sensibilidade aguçada é o que permite o contentamento e a satisfação, fazendo com que a chama fique acesa. O tédio e a monotonia são situações incompatíveis com o Fogo e, ao tentar combatê-la, é vítima da atitude extremista da euforia, que acarreta manias e neurastenia. A situação idealizada se assemelha a um parque de diversões ou mundo de entretenimentos sem fim. O poder do Fogo é contagiante, estimulante e vivificador. Lida com as situações em termos de prazeroso (fogoso) ou monótono (morno), podendo transcender o julgamento e desenvolver o contentamento simples.
TERRA
Segundo o movimento Terra, tudo pode ser estabilizado e transformado. O imaterial por si não tem consistência se não puder ser revertido para ter um significado mais efetivo. Terra evoca a responsabilidade ou, em excesso, a preocupação. Tudo deve ser passível de ser transmitido, convertido em símbolos, representado e raciocinado. Como a argila, Terra modela o conteúdo dos pensamentos. Com a energia da intenção, ela capacita a contemplação, a análise intelectual, o questionamento e a consideração por si mesmo, pelos outros e pelo meio. O cuidado ou o descuido têm seu lugar aqui. Ao mesmo tempo que oferece soluções lógicas aos problemas, tem aversão à confusão e ao estado de demência. Um mundo sem ordem é seu pesadelo. Transitando entre a engenhosidade e a insolubilidade, desenvolve a sensatez e o recurso da síntese.
METAL
Movimento de agregar ou desintegrar, de trazer ou repelir, deixar entrar ou deixar partir – assim, Metal molda o cenário para canalizar a sua energia. A condensação e a praticidade materializam ideias em ação. Metal é funcionalidade e suas atitudes revelam a necessidade por tornar recursos em meios viáveis para a concretização de ideias. A escassez de recursos e a improdutividade são evitadas por Metal, que pode revelar mesquinhez e inabilidade em trocas. Socialmente, o indivíduo se torna isolado e economiza vínculos sociais, tornando-se melancólico. Em seu mecanismo robótico de excluir, pode excluir a si mesmo do contato com seus sentimentos. Como um machado bem afiado, Metal traz precisão nas tarefas, imparcialidade no julgamento e pureza em suas escolhas. No entanto, isso pode formar um caráter crítico e preconceituoso. Aprendendo a filtrar o que é produtivo sem condenar a dimensão da subjetividade humana como inapropriada, pode-ser tornar humanamente puro e produtivo.
ÁGUA
A dimensão interior de quietude e segurança relaciona-se à Água. Nenhuma atividade se desenvolve plenamente se não houver um momento de repouso para assentar-se reabastecer a energia. A contenção é o movimento da Água, o mais passivo dos elementos. É o que permite a qualidade espiritual de relaxar em seu estar e em seu ser. Permanecer em silêncio. Esse sossego é incompatível quando há uma ameaça iminente ou estado perturbador que faça a Água se agitar. O indivíduo pode evitar tanto as situações de risco para assegurar sua segurança que vive em estado de medo e ansiedade. Devido aos traumas e à mentalização do perigo, percorre somente os caminhos conhecidos e teme situações de escuridão e incerteza. Água, pelo excessivo contato interior, sente-se muito vulnerável e evita se expor ao máximo. Com sua atitude protetora, enxerga o mundo em termos de ameaça ou ausência de risco. Dificilmente dá um passo em falso e sem pensar mil vezes antes. Deixando de lado o zelo excessivo, pode desenvolver a prudência. Ao aprender a aceitar a imprevisibilidade da vida e a tomar os riscos como oportunidades, desenvolve a coragem e a sabedoria.
Elemento
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MADEIRA
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FOGO
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TERRA
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METAL
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ÁGUA
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Movimento
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Expansão
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Elevação
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Reversão
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Condensação
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Aprofundamento
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Capacidade
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Criar, mover-se
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Alastrar, progredir
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Transformar, raciocinar
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Selecionar, viabilizar
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Conter, acalmar
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Virtude
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Flexibilidade e Planejamento
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Contentamento e Espiritualidade
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Ponderação e Sensatez
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Funcionalidade e Julgamento
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Confiança e Sabedoria
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Desafio
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Opressão
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Monotonia
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Confusão
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Subjetividade
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Exposição
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Motor
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Desafios, descoberta
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Progresso, apreciação
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Ordem, análise
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Aplicação, funcionalidade
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Tranquilidade, segurança
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Ação
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Revelar e impor
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Sensibilizar
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Raciocinar
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Cortar e canalizar
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Conter
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Descontrole
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Raiva
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Euforia
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Preocupação
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Melancolia
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Medo
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Produz (filho)
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Contentamento ou prepotência
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Responsabilidade ou apatia
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Aplicabilidade ou mecanicidade
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Sossego ou desconforto
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Autoconfiança ou timidez
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Controla (neto)
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Ponderação
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Mecanicidade
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Inibição
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Imprevisibilidade
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Impulsividade
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Disciplinado por (avô)
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Aplicabilidade
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Espiritualidade
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Repouso
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Inventividade
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Razoabilidade
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Sustentado por (mãe)
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Tranquilidade
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Jovialidade
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Assimilação
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Razoabilidade
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Competência
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Marco Moura